Jules Ferry, primeiro ministro francês em 1880- discurso neocolonialista.
No final do século XVIII e ao longo do século XIX, a Europa passou por profundas transformações sociais, políticas e econômicas. A primeira fase da Revolução Industrial causou um grande impacto na sociedade e altera muitos valores já estabelecidos, representando o início da modernização econômica, da consolidação do capitalismo e da projeção do poder ocidental, notadamente o europeu, no mundo.Na primeira metade do século, a expansão européia foi limitada. A Inglaterra manteve seu domínio sobre a Índia e ocupou as cidades do Cabo e de Natal no sul da África. A França iniciou um longo processo de colonização da Argélia, no norte da África.
A partir de meados do século XIX, com a segunda fase da Revolução Industrial ocorreu significativa expansão dos Estados capitalistas europeus, os quais exploraram economicamente outros povos, por eles subjugados. O Imperialismo articulou o neocolonialismo, nova etapa de dominação de áreas, que representa um momento em que as burguesias das grandes potências ampliaram suas bases de investimentos, controlando as atividades econômicas dos países africanos e asiáticos. Iniciou-se a corrida em busca de colônias. A política neocolonialista foi incentivada pela busca de mercados consumidores, de matérias-primas e de mão-de-obra, pelos excedentes populacionais e pelo desenvolvimento do espírito nacionalista. Com a produção em massa da segunda fase da revolução industrial, os países europeus passaram a ter necessidade de mercados que absorvessem os seus excedentes manufaturados e para acelerar o processo de industrialização, precisavam de matéria-prima industrial e mão-de-obra barata. O desenvolvimento econômico e científico do século XIX, fez com que a população de algumas nações industrializadas começassem a crescer demais, não encontrando trabalho. Além disso, a rivalidade entre as nações estimulou o espírito nacionalista, o que obrigou os governos a se preocuparem com as demarcações de fronteiras, com a unificação de seus territórios e com a extraterritorialidade: ampliação dos domínios territoriais ao máximo.
Era necessário, no entanto, justificar essas medidas de caráter retrógrado para uma sociedade esclarecida. A justificativa das nações neocolonialistas era baseada no desenvolvimento de doutrinas racistas, religiosas e técnico-científicas, exaltando a “superioridade européia”.
Doutrina racista: O Imperialismo disseminou a ideologia da superioridade racial do branco, o europeu, em relação ao africano.
Doutrina religiosa: A Igreja Católica colaborou bastante com a dominação européia na África e na Ásia, pois afirmava que ela possuía a missão de salvar as almas dos infiéis para o cristianismo. Dessa forma, o clero transmitia aos povos desse continente os valores da civilização cristã ocidental.
“Algumas nações como a Inglaterra, a França e a Alemanha, reestruturaram seu universo simbólico, acionando signos, idéias e valores que sugeriram a união, a força e a capacidade de vencer do povo e do regime.”
Maria Luiza Tucci Carneiro
Em conseqüência, houve a desarticulação das sociedades asiáticas e africanas e a submissão ao poder imperialista europeu.
A PARTILHA DA ÁFRICA
Iniciou-se em 1815, quando os ingleses compraram dos holandeses as colônias do Cabo e do Natal. A partir desse momento, o governo inglês adotou a política de introdução de imigrantes e de liberdade e proteção aos negros da região. Desde 1807, o parlamento britânico havia decretado a abolição do tráfico de escravos terminando com a ação dos traficantes e em 1833, aboliu a escravidão nas suas colônias africanas. Essas medidas estão de acordo com a ordem capitalista, pois a burguesia inglesa queria que os africanos fornecessem matéria-prima e trabalhassem como assalariados, para consumir o produto inglês. A descoberta de minerais, os diamantes de Orange, na África, na década de sessenta, levou à valorização capitalista do continente. Leopoldo II, rei da Bélgica, dominou a região do Congo, entre 1875 e 1885. A partir de 1875, os ingleses compraram ações do canal de Suez, que liga o mar Vermelho ao Mediterrâneo, através do qual chegariam até à Índia e estabeleceriam sua área de influência no Egito, trampolim para dominar o continente africano.
Para evitar mais divergências pela partilha da África, Bismark propôs, em 1884, a reunião dos principais líderes políticos em Berlim, a fim de dividirem o continente sem problemas. Reuniram-se na Conferência de Berlim, em 1885, decidindo pela manutenção das boas relações entre as potências européias, definição de normas a serem seguidas pelas potências colonialistas e liberdade de comércio da Bacia do Congo. Concomitante a esse fato, em 1886, Alemanha, Áustria e Itália formavam um bloco, a Tríplice Aliança.
A Inglaterra, apesar das decisões da Conferência de Berlim, mantinha a supremacia da ocupação africana.
Cecil Rhodes, poderoso capitalista inglês, fundador da British South África Company, ironizado na charge. Almejava ver as possessões britânicas se estenderem por toda a África. (ver charge ao lado)
O neocolonialismo europeu foi responsável pela destruição das estruturas tradicionais das sociedades africanas. Em meio século, as famílias, as aldeias e as tribos foram incorporadas pelos colonizadores, que transformaram em dependentes suas populações.
O avanço capitalista na África e na Ásia quebrou definitivamente a auto-suficiência dos povos que ali viviam, algo visado pelos colonizadores, visto que colônias deveriam suprir a metrópole de matéria-prima. As economias colônias ficaram subordinadas às nações capitalistas, o que originou o subdesenvolvimento dos países colonizados.
No começo do século XX, a guerra entre as potências imperialistas e colonialistas era inevitável, e culminou com a Primeira Guerra Mundial
Os países europeus dominaram o continente africano através das armas e da religião.
POLÍTICA EXTERIOR DE OTTO VON BISMARCK
No final do século XIX, o grande progresso econômico das províncias germânicas já favorecia a sua unificação. Na liderança desse desenvolvimento estava a Prússia. O Partido Progressista Alemão, fundado em 1861, tornou-se a principal força no Parlamento da Prússia, opondo-se muitas vezes ao governo. Empossado em 1862 como chanceler, Otto von Bismarck aceitou o desafio de governar contra o Parlamento e sem um orçamento por ele aprovado. Para impor a cobrança de novas taxas, e assim financiar a reforma militar que pretendia fazer, recorreu a medidas repressivas, como a censura da imprensa e a restrição ao direito de reunião. Os êxitos na política exterior compensaram a fraca posição de Bismarck na política nacional. Em 1864 Bismarck levou a Prússia a uma guerra vitoriosa com a Dinamarca pela posse do Schleswig-Holstein(então dinamarquês, hoje pertencente à Alemanha). O objetivo de Bismarck, contudo, era anexar os dois ducados. O conflito acabou levando a uma guerra contra a Áustria, que saiu derrotada (1866). Sua política unificadora teve duas etapas. Na primeira conseguiu, depois da guerra de 1866 contra a Áustria , que Viena cedesse a Berlim a dominação no mundo germânico. A Liga Alemã foi dissolvida e substituída pela Liga Setentrional Alemã, que reunia todos os estados germânicos ao norte do rio Meno, tendo Otto von Bismarck como chanceler (primeiro-ministro). Completando a unificação da Alemanha no sentido da "pequena solução", Bismarck conquistou a Alsácia e a Lorena (regiões ricas em carvão e ferro, e portanto indispensáveis para o desenvolvimento da Alemanha), numa guerra contra a França (1870–1871) deflagrada por um conflito diplomático. Imbuídos de patriotismo, os estados do sul da Alemanha uniram-se à Liga Setentrional Alemã, constituindo o 2º Império Alemão ou Reich. Em Versalhes, o rei Guilherme 1º da Prússia foi proclamado imperador da Alemanha, no dia 18 de janeiro de 1871. Iniciou então uma série de reformas administrativas internas, criou uma moeda comum para todo o estado, instituiu um banco-central e promulgou um código civil e um código comercial comuns a toda a Alemanha.
Em política externa, presidiu o Congresso de Berlim de 1878 no qual atuou como mediador entre as grandes potências. Nesse mesmo ano, uma aliança com a Áustria-Hungria marcou uma nova etapa de conservadorismo na política de Bismarck, que se refletiu internamente através de sua política anti-socialista. Contudo, na intenção de contestar as críticas social-democratas, instituiu um sistema de previdência social — o primeiro da história contemporânea — que lhe atraiu o apoio de amplos setores operários. Em política externa, sua atividade centrou-se na criação de um complexo sistema de alianças, destinado a conseguir o isolamento internacional da França e a realçar o papel da Alemanha. Em 1890, seu poder começou a declinar em virtude de crescentes divergências com o novo Kaiser, Guilherme II, que levaram o chanceler a demitir-se em 18 de março.
UM PANORAMA DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
O objetivo das potências imperialistas era a repartição do mundo, a fim de garantir matéria-prima, mercado consumidor e mão-de-obra para sua produção industrial. Graças ao seu desenvolvimento industrial, a Inglaterra dominava a maioria dos mercados consumidores mundiais. Por sua vez, a Alemanha, logo após a unificação, entrou em grande desenvolvimento industrial e passou a disputar os mercados ingleses. A burguesia alemã lutava por uma nova divisão do mundo para consolidar o seu domínio. Além disso, o país cresceu nos mares, com uma grande frota de navios e várias companhias de navegação. Para consolidar os seus intentos capitalista e expansionista, o governo alemão projetou a construção de uma estrada de ferro ligando Berlim a Bagdá. Tinha por finalidade o transporte de petróleo do Golfo Pérsico aos mercados ocidentais. A Inglaterra se opôs a esse projeto porque traria dificuldades para o comércio com suas colônias.
A perda da Alsácia-Lorena prejudicou a economia francesa que se viu privada das minas de ferro e carvão, fundamentais à sua indústria. Inconformados, os nacionalistas franceses pregavam o revanchismo e a recuperação dos territórios perdidos.
Desde 1886 a Alemanha liderava o bloco da Tríplice Aliança, composta pela Áustria e pela Itália. Mais tarde a França reagiu ao isolamento e revidou, formando com a Inglaterra a Entente cordiale, interessada em impedir a supremacia alemã. Em 1907, França e Inglaterra uniram-se à Rússia, formando a Tríplice Entente.
A PAZ ARMADA
No começo do século XX, os países capitalistas europeus estavam muito interessados em manter o equilíbrio internacional e a paz. Mas, contraditoriamente, os governos estimulavam a indústria de armamentos e recrutavam civis para aumentar os contingentes militares. Fabulosas quantias de verbas públicas foram desviadas às forças armadas nacionais, originando poderosos exércitos e frotas. O militarismo cresceu e a possibilidade de acordo para manter o equilíbrio entre as nações imperialistas era cada vez mais difícil. A corrida naval entre Inglaterra e Alemanha foi intensificada em 1906 pelo surgimento do HMS Dreadnought, revolucionário navio de guerra. Uma evidente corrida armamentista na construção de navios desdobrava-se entre as duas nações. Dessa forma, os países europeus foram conduzidos a uma política armamentista.
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